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STJ admite concessão de dupla aposentadoria em regimes diferentes

É possível o recebimento de duas aposentadorias em regimes distintos. Esse é o entendimento firmado pelo STJ. A concessão de dupla aposentadoria, de acordo com decisões da Corte Superior, depende da comprovação do desenvolvimento concomitante de atividades regidas em dois regimes de trabalho diferentes, ou seja, uma atividade no serviço público e outra na iniciativa privada.
O solicitante deve atestar que contribuiu, efetivamente, para os dois regimes, pois a contribuição para os dois regimes distintos é obrigatória para a concessão de mais de uma aposentadoria.
Segundo os ministros da Terceira Seção do STJ – órgão composto pelos membros das Quinta e Sexta Turmas, responsáveis pela análise de processos sobre temas previdenciários –, o entendimento que autoriza a concessão de dupla aposentadoria não viola os artigos 96 e 98 da Lei n. 8.213/1991 (clique aqui).
É importante ressaltar que, se a contribuição tiver ocorrido em apenas um dos regimes de trabalho, a contagem do tempo servirá apenas para uma aposentadoria.
Outra orientação firmada pelo STJ sobre o tema autoriza o aproveitamento de eventual excesso de tempo de serviço calculado em um regime para efeito de aposentadoria por tempo de serviço em outro regime.
Isso significa que o servidor aposentado em regime estatutário, por exemplo, que tem sobra de períodos, caso solicite outra aposentadoria pelo Regime Geral de Previdência Social - RGPS, poderá utilizar o tempo que sobrou do estatutário no cálculo para a nova aposentadoria. As decisões têm por base o artigo 98 da Lei n. 8.213/1991.
Os ministros também julgam no sentido de aceitar a utilização de períodos fracionados adquiridos em determinado regime para a soma em outro, com o objetivo de alcançar o tempo exigido para a concessão de aposentadoria. A possibilidade de expedição de documento para comprovar tempo de contribuição em período fracionado está prevista no artigo 130 do Decreto 3.048/1999 (clique aqui).
No entanto, no caso de utilização do período fracionado, este tempo de serviço só poderá ser utilizado para uma única aposentadoria, não podendo mais ser contado para qualquer efeito em outro regime.
Vale destacar que, neste caso, o beneficiado vai receber proventos de acordo com o regime no qual será aposentado, com a devida compensação financeira entre os dois regimentos, ou seja, se concedida aposentadoria como servidor público, vai receber proventos pelo regime próprio; se aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social, os valores serão calculados de acordo com este regimento.
Processo Relacionado : RESP 924423 - clique aqui.

Comentários

Anônimo disse…
Boa noite professor.
O entendimento do STF vai de encontro com o que acontece na prática. O importante é atentar que o recebimento de duas ou três aposentadorias só é possível desde que o tempo de contribuição, idade e carência de cada regime seja cumprido. Vale salientar que o inciso II do art. 124 da Lei 8.213/91 impede a acumulação de duas ou mais aposentadorias no Regime Geral de Previdência Social - RGPS.
Quando disse três aposentadorias é porque isso é possível. imagine um médico que é PErito do INSS (Regime Jurídico Único), Clínico Geral do Estadod e São Paulo(IPESP) e contribui como segurado obrigatório (carnê autônomo) para o RGPS (INSS), são três regimes diferentes e três contribuições também. O mais comum, na prática, é a pessoa se aposentar por tempo de contribuição no RPP e por idade no RGPS. Vale lembrar que também é possível utilizar o tempo não computado em um regime para o outro através da Certidão de Tempo de Contribuição CTC (RGPS) e CTS (RPP). Forte abraço e parabéns pelo blog e pelas matérias postadas.

Ralpho (2º semestre A UNITOLEDO)
Anônimo disse…
Dr. Minha situação se assemelha à esta decisão. Fui ao INSS, pedi a CTC e me negaram. Qual é o procedimento que preciso adotar para ter o meu direito respeitado ? Não sei mais o que fazer!!!

Eliza
Castelo, Espírito Santo
pereira.eliza@gmail.com

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