Retratação da Folha, silêncio da imprensa
Por Alberto Dines em 9/3/2009
O desfecho foi inesperado, inédito. Ao reconhecer que errou ao designar a ditadura militar implantada no Brasil como uma "ditabranda" e, simultaneamente, noticiar o protesto diante da sua sede, a Folha de S.Paulo" encerrou um incidente que começava a tornar-se extremamente desconfortável.
Teria evitado muitos dissabores se a admissão do erro tivesse ocorrido na semana retrasada, antes do seu editor de Política, Fernando de Barros e Silva, contestar abertamente o infeliz editorial do jornal (ver "Editor discorda da direção do jornal").
Acontece que nossa imprensa, sobretudo a grande imprensa, é arrogante, considera-se infalível, acima do bem e do mal. Não é bem assim. Ou melhor, já não é bem assim, os tempos são outros.
A imprensa está sendo observada atentamente por uma parte ponderável da sociedade que aprendeu a duvidar do que é veiculado por jornais e por jornalistas. Esta consciência crítica foi a grande vitoriosa do episódio. Também os leitores.
O risco
Os grandes perdedores foram os veículos concorrentes, que ao longo de três semanas mantiveram-se impassíveis diante de um debate político de grande relevância. O pacto de silêncio que nos últimos 30 anos impede qualquer discussão sobre o desempenho da imprensa mostrou novamente a sua solidez.
Nossa imprensa não é plural, não é diversificada, não é múltipla. O episódio foi péssimo para a Folha, porém poderá ainda trazer dividendos. Foi mais danoso para os concorrentes, que se fingiram de mortos e assumiram uma posição subalterna e ambígua. Como se não fosse com eles.
Era, sim, pois uma imprensa que abre mão da disputa e do debate está condenada a calar-se para sempre.
Por Alberto Dines em 9/3/2009
O desfecho foi inesperado, inédito. Ao reconhecer que errou ao designar a ditadura militar implantada no Brasil como uma "ditabranda" e, simultaneamente, noticiar o protesto diante da sua sede, a Folha de S.Paulo" encerrou um incidente que começava a tornar-se extremamente desconfortável.
Teria evitado muitos dissabores se a admissão do erro tivesse ocorrido na semana retrasada, antes do seu editor de Política, Fernando de Barros e Silva, contestar abertamente o infeliz editorial do jornal (ver "Editor discorda da direção do jornal").
Acontece que nossa imprensa, sobretudo a grande imprensa, é arrogante, considera-se infalível, acima do bem e do mal. Não é bem assim. Ou melhor, já não é bem assim, os tempos são outros.
A imprensa está sendo observada atentamente por uma parte ponderável da sociedade que aprendeu a duvidar do que é veiculado por jornais e por jornalistas. Esta consciência crítica foi a grande vitoriosa do episódio. Também os leitores.
O risco
Os grandes perdedores foram os veículos concorrentes, que ao longo de três semanas mantiveram-se impassíveis diante de um debate político de grande relevância. O pacto de silêncio que nos últimos 30 anos impede qualquer discussão sobre o desempenho da imprensa mostrou novamente a sua solidez.
Nossa imprensa não é plural, não é diversificada, não é múltipla. O episódio foi péssimo para a Folha, porém poderá ainda trazer dividendos. Foi mais danoso para os concorrentes, que se fingiram de mortos e assumiram uma posição subalterna e ambígua. Como se não fosse com eles.
Era, sim, pois uma imprensa que abre mão da disputa e do debate está condenada a calar-se para sempre.
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