Ordem e progresso, eis o lema de nosso País, como se vê num dos símbolos de nossa República, que é a bandeira. Mas, o que vem a ser “ordem e progresso”? De onde veio essa expressão que molda nosso tempo?
Vem de um filósofo chamado Augusto Comte, nascido na França, que criou uma doutrina chamada positivismo. Essa doutrina busca explicar que o conhecimento está na extrema valorização do método científico, sendo que ele dizia que “não pode haver qualquer conhecimento real senão aquele baseado em fatos observáveis”.
Assim, pela experimentação, de forma ordenada, isto é, com técnicas científicas, haverá um progresso. No entanto, o positivismo foi adotado pelos burgueses para firmar bases sólidas de que a industrialização traz benefícios, ou seja, que o capitalismo gera progresso.
Em excelente livro, Gilberto Cotrim explica que “as transformações impulsionadas pelas ciências visam o progresso; este, porém, deve estar subordinado à ordem” E esse é o lema de nossa bandeira: Ordem e Progresso. Um lema positivista.
Mais alguns dados sobre Comte nos interessa, como é o caso da lei dos três estados, onde todo conhecimento e cultura passam pelas etapas teológica, metafísica e positiva. Assim, por primeiro, todos os fatos são atribuídos ao divino; sendo que no estágio metafísico, “o homem teria recorrido a entidades abstratas na justificação dos fenômenos”, como esclarece Paulo Nader; e, finalmente, na etapa positiva, se explica o conhecimento por nexos de causalidade, mediante a constatação da realidade.
Logo, qual o significado de nossa bandeira? Céu, meio ambiente, riquezas, água? Ou pesquisa, estudos, conhecimento, ciência, para que possamos progredir?
Estamos – atualmente – acompanhando o raciocínio positivista de nossa bandeira? As decisões judiciais, por exemplo, estão seguindo essa trilha? Não. Vide o caso do diploma de jornalistas, onde o Supremo Tribunal Federal decidiu que para ser jornalista não se precisa conhecer métodos científicos.
Na política? Também não. Verificamos mais o jogo de favores, lobbies, troca de parentes e apaniguados por cargos, do que estudos para uma melhora de nossa sociedade.
Na economia? Continuamos a responder negativamente. O Brasil continua refém dos países desenvolvidos, atrelado a políticas econômicas copiadas de outros contextos, sem qualquer vinculação ao que acontece efetivamente em toda nossa extensão territorial. Quem já viajou por esse País sabe do que estou falando.
Precisamos nos reinventar, nos redescobrir, nos reestruturar de forma intelectual, para alcançar um progresso. Como dizia Comte, amor por princípio, ordem por base, progresso por fim. E essa ordem deve ter cunho moral e político, com acompanhamento dos valores previstos em nossa Constituição Federal, em especial pela dignidade da pessoa humana.
Se o governo faz propaganda de que o povo já não está com fome, que tal fazer publicidade de que vai investir na educação? É dar o peixe e ensinar a pescar. Em todos os níveis – seja Federal, Estadual ou Municipal – sem nos esquecer da sociedade, que tem a obrigação de auxiliar nessa empreitada de ensino.
E ensinar não só para ler, mas para entender o que se está lendo. Devemos ter um ensino que provoque discussões, que faça com que as pessoas visualizem políticos corruptos e nunca mais votem neles. Vamos colocar ordem (método científico) na casa, para que nossa sociedade obtenha progresso, que é a meta de nosso País, que deve gerar bem estar a todos.
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