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O TRABALHO REMOTO E O NOVO PROLETÁRIO DA ERA DIGITAL

Estamos em uma sociedade informacional, com teletrabalho intensificado por conta da pandemia, e a uberização cada vez mais crescente.

Antigamente você enxergava a empresa. Via o prédio, as chaminés, isto é, a planta física da empresa, mas hoje, por conta da tecnologia, nada disso está de pé. O que se vê são as marcas que as empresas ostentam.

Pegue como exemplo, no setor de energia, a Raízen. Esta está coligada à Shell, à Cosan – a qual, por sua vez – está ligada à Companhia de Gás de São Paulo – Comgás, Usina de Barra Bonita, Rumo logística (braço modal, transporte de cargas) e muito mais.

Imaginem quantos empregados em home office estas empresas possuem? Quantos operários em teletrabalho estão com uma subordinação algorítmica, neste momento?

A pergunta que se faz, sempre, é quem organiza este teletrabalho, lembrando que os trabalhadores estão em seus domicílios, nas suas residências. A casa do empregado é o novo centro de trabalho. Lembrando que às vezes, este trabalhador não está nem na sede da empresa, e nem em seu domicílio, mas em algum outro lugar compartilhado, operando em favor ao seu empregador.

Já existem empresas que elaboram estes ambientes, chamados co-working, onde os trabalhadores lá permanecem por horas a fio, trabalhando o tempo todo, sem se desligarem do computador.

Neste momento, surgem as sobrecargas de trabalho, uma dispersão na atenção do obreiro, e sem qualquer ligação com os demais trabalhadores da empresa, o empregado terá problemas sociais e psicológicos.

Não há uma criação de uma identidade entre estes, não existe coesão, pois tanto o tempo, como o espaço de trabalho são perdidos, em termos de ligação entre si, tão necessária para que não ocorra alienação. Não há pausas no teletrabalho.

Aquele ideal de ter um tempo para o trabalho, e um tempo para sua vida pessoal, no trabalho remoto está se esvaindo. Lembrando que o modelo toyotista em que vivemos, para quem opera no home office, está provocando um labor de 24h por 7 dias da semana (24x7).

Sem pausas no trabalho, sem convívio familiar, sem relacionamento entre os trabalhadores – fisicamente, no ambiente laboral – diminui-se a inovação. O empregado deixa de render o tanto que ele acha que seria capaz. Com isso, começa a surgir o trabalhador que não se valoriza, que se acha incapaz e que inicia aquele looping de imaginar que sua mão-de-obra não tem boa qualidade.

Sem ser ouvido pois está em casa, no co-working, cumprindo tarefas o tempo todo, ele se cala. Em se calando, ele se torna estoico, resignado, não reclamando, aceitando as coisas como elas são.

Surgem mais problemas sociológicos, como quando o trabalhador não se reconhece mais, sem expectativas, sem saídas de onde está. O que a empresa pode fazer, neste momento? Dar voz. Promover a desconexão. Efetivar um limite de jornada (sem chamadas habituais de whatsapp em domingos, feriados, fora de horário), pois isto vai garantir humanidade e efetividade de alguns princípios trabalhistas, como: valores sociais do trabalho; meio ambiente de trabalho saudável; eficácia diagonal dos direitos fundamentais.

Entendemos que professores, os três poderes: Judiciário, Executivo e Legislativo, além do Ministério Público do Trabalho – MPT devem se posicionar, sempre, sejam alertando, educando, legislando, punindo e fiscalizando. Mas o grande papel hoje é do Capital. São as empresas, seus conglomerados, que se tornam responsáveis por esta situação hoje em curso.

Acreditamos que quem - hoje - trabalha no digital entende bem o que foi relatado aqui. Você se tornou um novo proletário, agora da era digital. E suas correntes, seus grilhões, estão invisíveis neste momento, presos em algoritmos. Como sair da caverna, se para o empresariado e o Governo, tudo parece estar na “zona de conforto”, diante de tantas reformas trabalhistas e previdenciárias, respectivamente?

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